O que significa o prejuízo de 90,1 milhões de libras no ano fiscal de 22-23 para o Chelsea em relação ao PSR

O Chelsea revelou um prejuízo de 90,1 milhões de libras antes dos impostos na última quinta-feira no primeiro ano fiscal completo do clube sob seus novos proprietários.

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As discussões sobre a sustentabilidade dos clubes da Premier League têm atraído maior atenção após as violações do Everton, que ocasionaram – após discussões de uma comissão independente – uma dedução de 10 pontos na atual edição da Premier League.

Após o anúncio dos resultados financeiros do ano fiscal encerrado em 30 de junho de 2023, muitas dúvidas e questionamentos surgiram sobre a saúde financeira do Chelsea e sua capacidade de se manter em conformidade com as regras de sustentabilidade e lucros da Premier League, o PSR, e aos regulamentos financeiros da UEFA.

O QUE O CLUBE ANUNCIOU?

Em nota, o clube anunciou na última semana um prejuízo de 90,1 milhões de libras – antes dos impostos – para o ano fiscal de 12 meses encerrado em 30 de junho de 2023, sendo uma parte de um prejuízo de 678,2 milhões de libras da BlueCo 22 Limited, empresa criada pelos novos proprietários do Chelsea e liderada por Todd Boehly e a Clarlake Capital.

LONDON, ENGLAND – SEPTEMBER 14: A detailed view of the Chelsea corner flag inside the stadium prior to the UEFA Champions League group H match between Chelsea FC and Zenit St. Petersburg at Stamford Bridge on September 14, 2021 in London, England. (Photo by Clive Rose/Getty Images)

O prejuízo foi impulsionado pelos investimentos nas equipes mascula e feminina do Chelsea, além da aquisição de 40% da equipe francesa do Strasbour.g

Anunciar prejuízos financeiros não tem sido novidade para o Chelsea. Nas últimas três temporadas o clube anunciou perdas significativas de 60 milhões de libras em 2020-21, 121 milhões de libras em 2021-22, somando aos 90,1 milhões de libras anunciados referentes ao último ano fiscal.

ENTENDENDO A SITUAÇÃO

Apesar do prejuízo financeiro, o Chelsea revelou um aumento significativo nas receitas do clube, subindo para um valor recorde de 512,5 milhões de libras.

Tal valor se deve principalmente ao aumento das receitas comerciais do clube, que alcançou um valor de 210,1 milhões de libras no ano fiscal, com a receita de “dia de jogo” aumentando para 76,5 milhões, em seu primeiro ano operando livremente após as sanções impostas pelo governo britânico em 2022.

No entanto a receita do clube proveniente dos direitos de transmissão teve uma queda de 235 milhões de libras para 225,9 milhões de libras. Embora o clube tenha alcançado as quartas de finais da UEFA Champions League na temporada 22-23, a receita foi prejudicada pelo pagamento significativamente menor após a equipe masculina alcançar aénas a décima segunda colocação na última temporada da Premier League.

Outro fator que deve ser incluído nos valores são das contratações de Enzo Fernández, Raheem Sterling e Mykhailo Mudryk, além dos 142 milhões vindos das negociações de jogadores do clube.

O QUE O PREJUÍZO FINANCEIRO SIGNIFICA?

Embora o valor total do prejuízo tenha sido reduzido em relação ao último ano fiscal, o clube enfrenta novos desafios com a nova propriedade.

A capacidade e envelhecimento de Stamford Bridge tem afetado diretamente o clube em suas receitas de matchday – “dia de jogo” – e em questões de receitas comerciais.

Com isso o clube tem arrecadado valores significativamente inferiores aos seus principais rivais da Premier League, como Arsenal, Manchester United, Manchester City, Liverpool e Tottenham.

Tais contas tem sido equilibradas com os valores gerados pela venda de jogadores nos últimos anos, ultrapassando a casa dos 140 milhões de libras no último ano fiscal, mostrando uma dependência das vendas realizadas para compensar as perdas operacionais ao longo dos últimos anos.

A diretoria do Chelsea poderá ter um ano muito mais desafiador, já que tudo indica que o clube não participará de competições europeias na próxima temporada, o que reduz drasticamente a receita arrecadada.

LONDON, ENGLAND – APRIL 18: Behdad Eghbali, Co-Owner of Chelsea, walks with Todd Boehly, Chairman of Chelsea, as they make their way across the pitch after the UEFA Champions League quarterfinal second leg match between Chelsea FC and Real Madrid at Stamford Bridge on April 18, 2023 in London, England. (Photo by Clive Rose/Getty Images)

Uma revisão na folha salarial deve ser necessária, já que as contas para o próximo ano incluirão mais de 400 milhões provenientes das contratações de Moisés Caicedo, Romeo Lavia, Axel Disasi e Cole Palmer, por exemplo.

Com isso, a venda de ativos com valor contábil zero será de suma importância para o clube até o final de junho, já que é contabilizado como lucro puro de imediato, o que deve ser suficiente para superar o aumento anual nos custos de amortização e obrigações de folha de pagamento do clube.

Isso inclui valores das negociações de Mason Mount com o Manchester United por uma taxa inicial de 50 milhões de libras, a iminente transferência permanente de Lewis Hall para o Newcastle por 28 milhões de libras e as possíveis vendas de Trevoh Chalobah e Ian Maatsen.

Outro nome cotado para ser “sacrificado” para ajudar o clube a equilibrar as contas é Conor Gallagher, avaliado em 60 milhões de libras pelo clube.

O CHELSEA CORRE RISCO DE DESCUMPRIR AS REGRAS DA PSR E UEFA?

Em nota, o Chelsea confirmou que o clube está cumprindo todos os regulamentos de lucros e sustentabilidade da Premier League e do Fair Play Financeiro da UEFA:

“Apesar da perda no ano e das consequências contínuas das sanções impostas ao clube no ano anterior, o clube continua comprindo os regulamentos financeiros da UEFA e da Premier League.”

Nota oficial do Chelsea FC em seu site

Os regulamentos de sustentabilidade e lucros da Premier League permitem aos clubes acumular um prejuízo de até 105 milhões de libras nos últimos três anos fiscais, o que, em um primeiro momento pode parecer impossível ao Chelsea, já que o clube acumula um total de 271,4 milhões de libras nos últimos três anos.

No entanto os clubes podem fazer deduções de gastos considerados “saudáveis” com investimentos na academia, equipe feminina e investimentos na comunidade. Incluí-se nesse pacote concessões feitas para o impacto causado aos clubes ingleses durante o período da pandemia, se aplicando nas contas do clube no ano fiscal de 2020-2021, somando-se – no caso do Chelsea – aos ajustes necessários após as sanções impostas pelo governo britânico em 2022.

Ivan Nolasco Junior
Ivan Nolasco Junior
Torcedor fanático pelo Chelsea Football Club, fundador, diretor geral e redator do Chelsea Fans Brasil.
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