Não há outra palavra pra classificar a temporada do Chelsea até aqui se não “decepcionante”. No meio da tabela da Premier League e sem conseguir sequer brigar por uma vaga na próxima UEFA Europa League, o Chelsea faz uma de suas piores campanhas em anos.
Na décima posição com 31 pontos em 23 partidas e somente 23 gols marcados, o Chelsea tem o pior ataque entre os 10 primeiros colocados da Premier League, somando apenas 2 vitórias nas últimas 15 partidas disputadas na competição.
Mas será que os problemas do Chelsea surgiram com a nomeação de Graham Potter como treinador ou foram apenas potencializados?
PRÉVIA DO DESASTRE ANTES DO INÍCIO DA TEMPORADA
A demissão de Thomas Tuchel no início da temporada 22/23 pegou todos de surpresa. Com altos investimentos realizados na janela de transferências do verão, com as adições de Kalidou Koulibaly, Wesley Fofana, Marc Cucurella, Denis Zakaria, Raheem Sterling, Carney Chukwuemeka e Pierre-Emerick Aubameyang, o Chelsea sob nova direção deu a Thomas Tuchel mais opções para seu elenco.
Thomas Tuchel também encontrava dificuldades em meio a um elenco envelhecido e desequilibrado e venceu apenas três dos primeiros sete jogos disputados. O futebol apresentado pela equipe também não convencia, com desempenhos pra lá de contestáveis e algumas derrotas contra adversários bem mais limitados.
Mas a decadência em termos de elenco e desempenho não se deu apenas no início da atual temporada. A verdade é que o Chelsea já apresentava sérios problemas desde a virada de 2021 para 2022 com o próprio Thomas Tuchel.
A equipe saiu da disputa do título da Premier League para apenas lutar por um lugar entre os quatro primeiros colocados, ficando aquém do esperado para um elenco reforçado que havia vencido a UEFA Champions League no ano anterior.
Em uma entrevista coletiva após uma derrota por 4-0 sofrida pro Arsenal durante a pré-temporada nos Estados Unidos, Thomas Tuchel não escondeu sua frustração com o elenco que tinha em mãos:
“Tivemos um apelo urgente por jogadores de qualidade e uma quantidade enorme de jogadores de qualidade. Temos dois jogadores de qualidade, sem dúvida, mas não somos competitivos assim e você pode ver isso hoje.”
“Espero que vejamos o desenvolvimento, mas no momento temos os mesmos problemas porque temos os mesmos jogadores.”
Thomas Tuchel após a derrota por 4-0 sofrida pro Arsenal na Flórida Cup
Os problemas existentes com Thomas Tuchel foram os mesmos encontrados por Graham Potter, sendo ampliados de certa forma com a ausência de jogadores chave do elenco que estiveram lesionados como N’golo Kanté, Reece James e Ben Chilwell por exemplo.
INÍCIO PROMISSOR, SEQUÊNCIA DESASTROSA
A chegada de Graham Potter surtiu um efeito imediato e positivo no Chelsea. Conquistando apenas um ponto nos dois primeiros jogos na fase de grupos da UEFA Champions League, o Chelsea emplacou uma sequência de quatro vitórias seguidas na competição para se classificar em primeiro no Grupo G, o que parecia bastante improvável em um primeiro momento.
Vitórias contra o AC Milan no San Siro e em Stamford Bridge foram o momento mais alto da equipe na competição e um progresso parecia estar acontecendo.
Na Premier League o início também foi animador. Nos primeiros cinco jogos sob o comando de Potter, o Chelsea emplacou três vitórias e dois empates, sendo um contra o Manchester United… mas chegou a partida contra o Brighton and Hove Albion e uma sonora goleada por 4-1 deu início à queda da equipe com Graham Potter.
De lá pra cá o Chelsea disputou 12 partidas na Premier League e conquistou apenas duas vitórias, completando a sequência com quatro empates e seis derrotas. Se olhamos em questão de pontos conquistados, são apenas 10 pontos de 36 possíveis na competição.
A situação do ataque também se tornou ainda mais preocupante com Graham Potter. Se antes a equipe já produzia pouco, tudo ficou ainda pior. Nas mesmas 12 partidas disputadas na Premier League, o Chelsea marcou míseros 6 gols e sofreu 12.
MILHÕES E MILHÕES DE LIBRAS EM REFORÇOS E “MUITA DECEPÇÃO” COMO RESULTADO
Com a abertura da janela de transferências de janeiro, a expectativa em relação a investimentos no Chelsea para a segunda metade da temporada foi cumprida. Sendo o clube que mais investiu em reforços, o Chelsea contou com as adições de Benoit Badiashile, ex-Mônaco para a defesa, David Datro Fofana ex-Molde FK, João Félix por empréstimo do Atlético de Madrid, Noni Madueke ex-PSV Eindhoven e Mykhailo Mudryk ex-Shakhtar Donetsk para o ataque, e por fim, Enzo Fernandez vindo do Benfica para reforçar o meio de campo.
Em teoria, Graham Potter recebeu um considerável upgrade em relação ao material humano disponível anteriormente, contando ainda com o retorno de jogadores que estiveram lesionados como Reece James e Ben Chilwell.
A expectativa à partir daí era de uma melhora significativa já que a qualidade das opções disponíveis se tornaram melhores, mas a realidade é de que nada disso tem sido suficiente para a equipe se mostrar competitiva. Sem um padrão de jogo definido e com enormes dificuldades em converter as poucas chances criadas, o Chelsea tem sido cada vez mais frustrante.
Desde o fechamento da janela de janeiro, o Chelsea disputou quatro partidas por todas as competições e não conseguiu vencer um jogo sequer, conseguindo balançar as redes apenas uma vez. Com os mesmos problemas e as mesmas dificuldades, o Chelsea empatou sem gols com o Fulham em Stamford Bridge, empatou em 1-1 com o West Ham United fora de casa, foi derrotado por Borussia Dortmund na ida das oitavas da Champions League e pelo Southampton em Stamford Bridge na Premier League.
SEGUNDA PIOR % DE VITÓRIAS DOS ÚLTIMOS 30 ANOS
Com tal desempenho e sequência de resultados, Graham Potter conta com o recorde negativo no comando da equipe de ser o segundo treinador com o menor percentual de vitórias na equipe após 25 jogos disputados em todas as competições com 38%, estando à frente apenas de Glenn Hoddle (21%), que comandou o Chelsea entre 1993 e 1996.
Para efeito de comparação, André Villas-Boas (63%), Rafael Benitez (54%), Frank Lampard (50%), Cláudio Ranieri (46%) e Ruud Gullit (42%), tiveram inícios melhores no comando da equipe, mesmo sendo todos muito contestados em suas épocas.
Os números ofensivos também são outro recorde negativo para Graham Potter, sendo o pior registro da equipe desde os anos 90, antes da aquisição de Roman Abramovich.
SEM O APOIO DOS TORCEDORES
Uma coisa bastante improvável tem acontecido neste momento, já que a grande maioria dos torcedores do Chelsea estão passando a ter a mesma opinião sobre um treinador. Os protestos contra Graham Potter tem sido cada vez maiores durante e após os jogos. Vaias durante as partidas tem sido constantes e muitas críticas tem sido feitas, com muitos torcedores considerando Graham Potter como o pior treinador do clube em anos.
Muitos torcedores pedem um retorno de Thomas Tuchel tem sido constantes, enquanto outros preferem a chegada de um novo nome disponível no mercado para o cargo, mas todos apenas querendo a saída de Graham Potter o mais rápido possível.
APOIO DOS NOVOS PROPRIETÁRIOS…
Em tempos de Roman Abramovich, não haveriam dúvidas em relação à demissão de Graham Potter do cargo de treinador do Chelsea… mas os tempos são outros sob a propriedade de Todd Boehly e a Clearlake-Capital.
Apesar da péssima forma e do pouco que tem sido apresentado dentro de campo, Graham Potter ainda continua tendo o apoio dos novos proprietários do clube. Mas o fato é que o futebol é feito de resultados e Graham Potter não tem conseguido entregar nenhum tipo de resultado positivo no momento e mudanças podem acontecer em caso de um agravamento da situação.
Sempre houve o pedido por parte da torcida de um “projeto à longo prazo”, em que a diretoria apoiasse o treinador em seus piores momentos, sendo algo que vêm acontecendo nesta temporada. Mas será que Graham Potter é o homem certo para guiar o Chelsea diante deste novo projeto? Por enquanto tudo indica que não.
